Aeroclubes não conseguem formar comandantes para aviões de grande porte e as empresas aéreas têm dificuldade para montar suas equipes no Brasil.
A formação de novos comandantes não vem acompanhando a força da indústria da aviação, que cresceu 27% no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado, e deve seguir em ritmo acelerado na próxima década.
Desde 2005, houve um êxodo de comandantes para o Exterior. Pelo menos 600 se transferiram para a Ásia e o Oriente Médio, onde os salários são bem mais atraentes. A remuneração de um comandante aqui parte de R$ 6 mil e chega a R$ 18 mil. Lá fora, começa em torno de R$ 11 mil e alcança cerca de R$ 27 mil. Outro problema é a desatualização das escolas de aviação. Essas escolas deixaram de receber incentivos do governo e praticamente pararam no tempo.
Em 2008, foram habilitados 333 novos pilotos.
Em 2009, o número caiu para 230.
Nos três primeiros meses deste anos foram 56.
Para obter a licença de piloto comercial são exigidas 150 horas de voo.
Mas as grandes empresas não contratam pilotos com menos de 500 horas de voo.
E para ser comandante é necessário ter pelo menos mil horas se o candidato tiver formação superior em ciências Aeronáuticas.
Se possuir apenas o segundo grau, são necessárias 1.500 horas.
Por isso, quem obtém o brevê tem de ganhar experiência por conta própria para estar apto a entrar numa grande companhia.
O custo elevado da formação também limita o acesso ao curso de aviador. Para tornar-se piloto comercial é preciso gastar R$ 70 mil o preço da hora de voo varia entre R$ 240 e R$ 800.
Para amenizar a situação, a Anac lançou mão de um artifício usado na década de 1970: vai bancar a formação, com a concessão de bolsas, de 213 novos pilotos, sendo 139 privados e 74 comerciais. Para tanto, firmou convênio com 19 aeroclubes de oito Estados e vai desembolsar R$ 3 milhões, recursos do Programa de Desenvolvimento da Aviação Civil do Ministério da Defesa. Mais de 400 candidatos se inscreveram.